quarta-feira

rara

limpo sapatos igual a relógio antigo. com um trapo sujo vou de leste a oeste. algumas vezes de norte a sul. e meus dentes também não me deixam mentir: não uso café só para pretear o couro, também é boca de pito. o cigarrinho é sagrado e eu não abro mão. de jeito nenhum, nem precisa inventar. sou fera em desculpas. aliás, se não fossem elas talvez eu aqui não estivesse. me serviram como cão guia. e um cão desses bravos. vacinado, vigilante e viciado. com dentes afiados e coração refilado. mas que não podia com as sombras. nem ele, nem eu. e foi isso que fudeu. não saia de noite, nem com lanterna. mas até entendo. porque também tenho medo. mas só de falar a gente atrai. por isso não digo três vezes. nunca. ou talvez depois. é que já acabou o descanso. lá vem outro freguês e preciso voltar.
adeus, Dara.

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